sexta-feira, 11 de julho de 2014

2 Mulheres, 2 Livros e 1 olhar sobre o Feminino

Todas as vezes que termino de ler um bom livro fico saudosa ... Fico com aquela sensação de "perder" um amigo diário, que me acompanhou por um tempo e que, inevitavelmente, quando se lê a última linha, terá que partir.

O feminino vem sendo um tema recorrente dos meus últimos livros, e que boa safra!

Foram livros densos, tensos, emocionantes, históricos, intensos e, mesmo sendo mulher confesso que nunca pensei o feminino, seus traços, contornos, movimentos, suas luzes, sombras e seus segredos como o pensei ao ler esses dois livros.

O primeiro chama-se "Maria Madalena e o Santo Graal - A mulher do vaso de alabastro" da Margarete Starbird e o segundo, "Joana D'Arc" do Mark Twain.


Duas personagens históricas rodeadas de mitos, mistérios, suposições, perseguições e martírio.

Há aqueles que lerão a frase acima e farão a conexão entre feminino e sofrimento, ou mesmo, feminino e submissão mas, não foi isso o que meus olhos leram e que o meu coração absorveu destas duas lindas obras sobre essas duas incomparáveis mulheres.

O que vivenciei na leitura desses livros foi um feminino forte e suave, firme e amoroso, que vivencia os seus deveres/trabalhos com alegria e unidade, que luta e é pacífico, um feminino que experimentou a dualidade com equilíbrio.

Muitas vezes li frases nestes livros que me fizeram pensar, profundamente, como vivo o feminino em mim. Tive a certeza que o feminino tem muito mais haver com a minha intuição, com o interno, com o sagrado - com o mistério  - que habita em mim, do que qualquer coisa externa.

Ando como uma observadora do feminino em mim, não o feminino externalizado (roupas, cabelo, corpo) e sim do feminino que suave e misteriosamente se manifesta no meu interior, como uma dança circular e ascendente que tanto tem a me ensinar, principalmente sobre o amor próprio, como uma fonte inesgotável e acessível de ternura por mim mesma.

Voltando aos livros.

Meus olhos ficaram rasos de lágrimas nas últimas páginas do livro de Joana e meu coração se encheu de ternura quando voltei meus pensamentos à ela.

Mas, foram as primeiras linhas deste livro que fizeram meu coração bater mais forte e que levaram a tantas reflexões, uma delas a de que Joana - e esta é também uma característica de Maria Madalena -  nunca duvidou de que seu norte, seu condutor e seu conselheiro estavam dentro da própria Joana, por isso conseguia ser tão peculiar no meio de tantos 'iguais', Ah! como isso me serviu! Espero que gostem:

"...O contraste entre ela e o século em que viveu é o contraste entre o dia e a noite. Ela dizia a verdade quando mentir era regra entre os homens; era honesta quando a honestidade era uma virtude perdida; mantinha sua palavra quando as palavras já não tinham mais valor; entregou sua mente a grandes ideias e propósitos enquanto outras grandes mentes deixavam-se desperdiçar com futilidades e ambições mesquinhas; era modesta, refinada e delicada num tempo em que ser vulgar era a regra; era misericordiosa num tempo em que a crueldade não conhecia limites; era firme quando firmeza era virtude desconhecida; suas convicções eram inabaláveis em um tempo em que os homens não acreditavam em coisa alguma e zombavam de tudo; numa era em que a falsidade imperava, ela mostrou-se sempre verdadeira e manteve sua dignidade imaculada quando à sua volta grassavam a bajulação e a subserviência; quando a esperança e a coragem haviam perecido no coração do seu país, ela foi o baluarte de coragem; sua mente e seu coração eram puros quando a sociedade à sua volta era imunda..."