domingo, 21 de junho de 2015

Frio fora...dentro quente - Reflexões sobre a minha participação num teatro infantil

A noite mais longa do ano se aproxima, e dentro de mim a escuridão ficou com medo.

O medo do desconhecido ao qual me impus quando, por impulso próprio, escolhi reviver um conto.

E não é um conto qualquer, é um conto que conta a história de uma menina que teve a sua luz apagada e que lutou, bravamente, para encontrá-la de novo.

Não foi por imposição, e sim por escolha, que pedi para encenar a personagem mais antiga do conto. Ainda não tenho consciência do que, mas algo em mim precisa ser apagado, precisa diminuir para que algo novo nasça, cresça.

O teatro começa, estou em concentração máxima, séria, velha.

Tento observar as crianças que nos assistem e seus olhos e corpos estão em plena sintonia com cada passo, cada fala, cada nota musical ... me impressiono; A velha eu já não consegue ser assim tão entregue, assim tão confiante.

O teatro termina. A festa acaba. Volto para casa ... Se pudesse , queria ir para um lugar solitário, olhar a lua e o céu e chorar. Um choro que nem eu sei do que se trata, mas as meninas estão em fúria, brigam e choram e fazem birra como que projetando e encenando toda a bagunça que se encontra em mim agora.

Tento me acalmar, serenar, pensar.

Que força é essa que me invadiu e que foi capaz de penetrar no recôndito mais profundo da minha alma e que faz cair grossas lágrimas enquanto eu escrevo?

Não, não é só um conto. Não é só uma velha fiandeira, aquela que sabe. Foi uma oportunidade divina que a Providência me mandou para ressoar, lá no fundo...

Que de nada adianta o saber sem o sentir
Que de nada adianta saber e sentir se os meus atos não são coerentes. Recorrentes. Contentes.

Aqui em casa, agora, todos dormem.
Eu, acordada, acesa.

São Paulo, Festa da Lanterna, 20 de Junho de 2015.