terça-feira, 3 de junho de 2014

O Grito - Inspirado no post da Rachel M. Stafford (Brasil Post)

Acompanho um Blog muito bacana chamado Ninguém Cresce Sozinho, é um Blog de 2 psicólogas (uma delas, a Verônica, uma pessoa muito querida pra mim) que tratam de questões do cotidiano sobre o papel dos pais e das crianças na família. Eu acho o nome do Blog fantástico pois, acredito que eu só me torno uma melhor mãe, esposa, filha, mulher e profissional quando me auto-educo, quando olho para mim e para minhas atitudes.

Bem, zapeando pela página delas no Facebook acabei me interessando por ler um artigo que elas compartilharam chamado "Uma importante lição sobre gritar com os filhos" escrito pela Rachel M. Stafford para o Brasil Post. Foi um soco no estômago.

Me vi em algumas cenas descritas pela Rachel e também me identifiquei quando ela disse que se "odiava naqueles momentos".

As vezes me sinto tão pressionada,  não pelos outros mas, por mim mesma, pelas imposições que me faço, pelas expectativas que crio sobre os outros e sobre as situações, pelos momentos que quero que sejam 'só meus' mas tem sempre alguém chamando: Mãe!!!!!, pelas coisas que tenho que arrumar, consertar, doar, fazer, não fazer ... além das TPMs, é claro! As vezes me sinto tão cheia que, acabo gritanto mesmo e, é sempre com as pessoas mais queridas principalmente com as meninas e são e sempre serão muito tristes esses momentos.

Lendo o texto da Rachel lembrei de um momento de generosidade e amor genuínos presenteado à mim pela minha filha mais velha.

Estava atravessando um momento muito difícil, a minha caçula acabava de nascer, se me recordo bem, tínhamos chegado da maternidade a apenas uma semana e eu me sentia péssima. Achava que não iria dar conta de educar e cuidar de duas crianças, me sentia mal comigo mesma e muito triste - tomei muito hormônio durante a minha última gestação pois a "apressadinha" queria nascer antes da hora  - era noite e estávamos na casa da minha sogra, derrepente me bateu uma tristeza profunda e chorava sem parar, estava deitada numa cama, quarto escuro, quando chega a Gabi e pergunta:
- Mamãe, o que você tem?
- Não é nada Gabi, a mamãe só está um pouco triste.
Ela sai do quarto e volta segundos depois com o cheirinho dela (uma fraldinha que ela usava para dormir), me cobre com o cheirinho, faz carinho no meu rosto e diz:
- Não fica assim não Mamãe, isso já vai passar.
A Gabi tinha 2 anos e 2 meses.

Ler esse artigo, me lembrar dessa passagem, contraiu e expandiu meu coração. Contraiu porque me fez lembrar que ainda grito com elas as vezes e que não quero, nunca, ver medo no olhar delas à mim e expandiu meu coração por que ele sempre fica assim quando vejo como as crianças são simples, profundas e autênticas quando expressam os seus sentimentos.

Logo quando terminei de ler o artigo, me veio na cabeça o quadro do Edvard Munch, chamado O Grito. Me vi um pouco nele...naqueles momentos quando grito minha boca se abre mas, de uma certa forma, meus ouvidos se fecham por que eu não quero me ouvir e conviver com toda aquela pressão que está dentro de mim. Quero, simplesmente, colocar algo para fora. Talvez se fixar na minha mente a imagem deste quadro me faça refletir e me ouvir, antes de gritar.

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