terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Kuan Yin - Feliz Natal!


Agora que começei a escrever este post pensei ... gente, as pessoas que leem esse blog devem pensar "cada hora a Hellene inventa um assunto" risos... e depois concluí, é verdade, cada hora algo novo me surpreende e detém o meu olhar e a minha atenção, se valer a pena, se casar com as coisas que eu acredito fica, se não, não tem lugar na minha vida ou mesmo pode ser que eu não esteja preparada para absorver aquele assunto/conhecimento naquele determinado momento.

Para vocês entenderem o porquê deste meu post, logo no dia que antecede o Natal, preciso começar do começo. E a minha história com a Kuan Yin começou mais ou menos assim.

Em dezembro de 2010, no meu último post neste blog até que retomasse os meus escritos em 2014, falei sobre Compaixão, onde citei o Buda Avalokiteshvara. Mal sabia eu que este tema voltaria com força total neste ano.

Buda Avalokiteshvara, Chenrezig, Guanyin, Guan Yin, Quann In, Tara e Kuan Yin são representações do mesmo bodisatva e são conhecidos por nomes diferentes em cada um dos países e/ou religiões onde são reverenciados. Principalmente no oriente, com presença muito forte no Tibet, Índia, Japão e China.

O meu objetivo não é me apronfundar muitos nessas diferenciações e teorias sobre a Kuan Yin e sim, contar um pouco de como descobri os encantos de Kuan Yin. Se você quiser saber mais, existe uma página na Wikipedia com um bom conteúdo (aqui).

Pois bem, voltando ...

Este post sobre Compaixão se originou num papel que achei em casa no meio de uma faxina e, quem me deu o jornalzinho que trazia esta matéria foi uma amiga muito querida, a Ana.

4 anos se passaram e, mais ou menos em Abril/Maio deste ano, uma outra pessoa muito querida, a Fernanda, chegou de um almoço dizendo assim (imaginem um sotaque carioca daqueles bem gostosos falando, ok?): 
- Olha que linda essa estátua que eu comprei!
- Uau Fer, linda mesmo! Quem é?
Cara de espanto! - Kuan Yin, você não conheçe? Caraca, finalmente achei uma coisa que você não conheçe! 
(rimos muito!!)

Com essa motivação da Fernanda, começei a ler uma coisa aqui, outra acolá e, tudo que eu lia achava extremamente interessante.

Foi então que o Marcelo Dalla, um astrólogo e design que eu super admiro e acompanho, fez um comentário no Facebook que mencionava um post sobre a Kuan Yin em seu blog (aqui) e, quando li aquilo fiquei maravilhada.

Bom, mais um tantão de dias se passaram e, estava tomando um café da empresa que trabalho com outra amiga muito querida, a Patrícia Pimenta. De repente a Fernanda passa pela gente e digo: 

- Fer no final de semana te mandei um texto lindo sobre a Kuan Yin, você leu?

Quando terminei de falar isso a Pat fala: - Kuan Yin?! De onde você conheçe a Kuan Yin? E então contei para Pat a história da estátua da Fer e das minhas pesquisas posteriores sobre Ela.

E a Pat me contou sobre uma outra Patricia, a Mekler, uma terapeuta holística, que fala muito sobre a Kuan Yin. E um outro tantão de dias se passaram e conheci a Patricia, que me emprestou um livro lindo que fala sobre a experiência de um ocidental, na China e sua conexão com a Kuan Yin (A Deusa da Compaixão e do Amor, John Blofeld - Ed Gnose).

Quando terminei de ler o livro do John eu fiquei....eu fiquei...ah, acho que mexida é a palavra certa. Fiquei impressionada com os mitos, as histórias, as conexões, as curas, as transmutações e, principalmente, com a simplicidade de tudo aquilo.

Depois disso tudo, um dia estava zapeando pela internet, procurando um site americano que vende desenhos da Kuan Yin, quando cliquei numa imagem que apareceu, ela me direcionou a um curso de Magnified Healing, no Brasil, em São Paulo (Oi?!?!?) que aconteceria num final de semana. Eu entendi aquilo como um direcionamento, como um amoroso direcionamento da Kuan Yin à mim, para que eu pudesse conhecer essa linda ferramenta de cura e transformação pessoal.

O curso foi M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!

Me reencontrar com essa força e essa energia da Compaixão, através da Kuan Yin, foi a redescoberta de um amor sensível, de um amor sem julgamento, de um amor que vem ao meu encontro, incondicionalmente. 

Ando tentando me disciplinar cada vez mais na meditação. Medito no mantra consagrado à Compaixão, OM MANI PADME HUM e ontem, quando estava começando minha prática, acabou a luz e, naquele escuro total, com aquela chuva caindo lá fora, senti o coração ficar quentinho e minha alma sendo lavada de amor.

Por que este post próximo do Natal?

Por que o que é o Natal senão a tradução máxima do Amor Divino sobre nós e em nós? 
Jesus é o mestre que trouxe em Si o Amor Puro à terra e eu quis, através dessa singela homenagem à Kuan Yin e ao Amor, emanar minhas mais amorosas e sinceras energias a este momento tão bonito do ano.

OM MANI PADME HUM,
OM,
PAZ,
AMÉM.

Feliz Natal! E um 2015 cheio de Luz!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O término de um curso de finanças, uma palestra sobre contos de fada e o início concreto de um sonho - A vida como ela é!

Vocês conseguem imaginar o que essas três situações poderiam ter em comum? Meio esquisito, não é?! 

Vivi estas três situações nesta última semana, que parecem estar isoladas uma da outras mas que no fundo escondem um fio 'secreto' de conexão entre si.

Vamos então por ordem de acontecimentos.

Fiz um curso intenso sobre economia e finanças, sim, números, números, muitos números. Um daqueles cursos que no final do primeiro dia seu cérebro solta nuvens de fumaça e você se pergunta: onde eu fui amarrar o meu burrinho! O professor, um cara brilhante, estrategista, que durante 3 dias tirou todos da zona de conforto, nos fazendo pensar diferente e de forma numéricamente realista. 

Bom, vocês devem estar pensando, Ok .... até aqui não vi nada demais.

Até o professor começar o encerramento, eu achava que aquele excelente professor e curso só tinham me agregado mais conhecimento intelectual/técnico, o qual eu usaria com mais propriedade durante o meu dia-a-dia no trabalho. Ah, como as surpresas que a vida nos trazem são bacanas!

Ele compartilhou 3 dicas que um antigo professor lhe dera quando ele terminou o seu mestrado:

    • Utilize todo conhecimento que você adquirir (só essa "dica" já daria um post inteirinho....);
    • Faça lista de coisas que você quer atingir, fazer, mudar, etc...;
    • Devolva o que lhe foi dado - Guardem essa aqui, esse é o começo do elo (!!!).
Sai do curso, fui pra casa, fiz um outro tantão de coisas e fui para uma palestra na escola das crianças, tema: O significado dos contos tradicionais na atualidade. As crianças estudam numa escola Waldorf e Contos de Fadas são um tema importante no contexto escolar.

A conversa girava entorno dos contos tradicionais alemães que foram coletados pelos Irmãos Grimm e de como o trabalho deles foi imprescindível para manutenção da cultura popular daquele país, explicou a diferença entre os coletores de contos (Grimm, Alexander Afanasyev, Charles Emile Souvestre) e dos escritores de literatura infantil (Perrault e Andersen) entre muitas outras coisas que aprendi naquela noite. Coincidência ou não, como se tudo aquilo que a palestrante já havia falado não fosse suficientemente lindo e interessante, ela guardou o melhor para o final.

Disse o seguinte: "Não temos notícias da nossa vida interior se não pudemos vivenciar os sentimentos que tivemos durante o dia. A vivência dos sentimentos é que suporta as relações.
A voz é o melhor instrumento que temos para estreitarmos vínculos. De onde vem a minha voz quando eu falo?
Fale expressando-se! -> Isso depende da maneira como falamos para a criança e do que se fala para a criança. A voz que acalenta e que depois conta uma história faz com que a criança aprenda a dormir.
Os contos podem ser um antídoto e o fortalecimento do sistema imunológico da criança do que vem de fora.
O "de fora" só se torna vencedor quando o "de dentro" está enfraquecido."
Sim, essas últimas mensagens da palestra se unirão, no final desta história, a última parte desta que começa agora. Afinal de contas, tenho que manter a tendência dos acontecimentos já narrados, nos quais o melhor, sempre ficou para o final! Opa!! Não seria isso aqui um Conto de Fadas também?! Não são eles que sempre tem finais felizes? :)
Festa de aniversário na casa de uma pessoa querida. Ela, não estava muito legal, com uma gripe daquelas que doem o esqueleto toda vez que a pessoa tosse. Festa acabando, partimos todos para uma 'visita guiada' a sua mais recente conquista: uma sala num prédio onde ela irá, em breve, abrir o seu próprio negócio. 
Depois de muitos: UauS! Que legaiS! Parabéns! Que bacanaS! Um champagne estourou, copinhos de plástico foram devidamente enchidos e...tcharan! Veio o discurso!
Pequeno, breve, singelo mas, cheio de agradecimento pelo que lhe foi dado (apoio, encorajamento, entusiasmo com seu sonho e sua nova empreitada) - não seria isso aqui o que o meu professor, PhD em Economia, falou no final do curso: "devolva o que lhe foi dado"?
Sua voz era embargada, trêmula, cheia de sentimento, expressava o que sentia, vinha do fundo! 
O sonho, ali, começava a se tornar realidade porque o de dentro é mais forte e venceu o de fora. Olha o Conto de Fadas aqui. E esse de fora, se a gente parar para pensar pode se traduzir em tantas coisas não é mesmo? A incerteza, a dúvida, o medo, a opinião dos outros e por ai vai...
Ultimamente ando vendo poesia nas pessoas e nas coisas, venho tentando encontrar e reconhecer as conexões que regem a minha vida e que se apresentam para mim para que eu possa apreciá-las. Elas me nutrem, faz com que, a cada dia eu possa ver mais positivos que negativos e que, abastecida com essa positividade eu possa devolver, ao meu marido, as minhas filhas e as pessoas à minha volta mais Contos de Fadas do que filmes de terror.
Agora veio um trechinho da música Epitáfio (Titãs) na minha cabeça: "A cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração"!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

2 Mulheres, 2 Livros e 1 olhar sobre o Feminino

Todas as vezes que termino de ler um bom livro fico saudosa ... Fico com aquela sensação de "perder" um amigo diário, que me acompanhou por um tempo e que, inevitavelmente, quando se lê a última linha, terá que partir.

O feminino vem sendo um tema recorrente dos meus últimos livros, e que boa safra!

Foram livros densos, tensos, emocionantes, históricos, intensos e, mesmo sendo mulher confesso que nunca pensei o feminino, seus traços, contornos, movimentos, suas luzes, sombras e seus segredos como o pensei ao ler esses dois livros.

O primeiro chama-se "Maria Madalena e o Santo Graal - A mulher do vaso de alabastro" da Margarete Starbird e o segundo, "Joana D'Arc" do Mark Twain.


Duas personagens históricas rodeadas de mitos, mistérios, suposições, perseguições e martírio.

Há aqueles que lerão a frase acima e farão a conexão entre feminino e sofrimento, ou mesmo, feminino e submissão mas, não foi isso o que meus olhos leram e que o meu coração absorveu destas duas lindas obras sobre essas duas incomparáveis mulheres.

O que vivenciei na leitura desses livros foi um feminino forte e suave, firme e amoroso, que vivencia os seus deveres/trabalhos com alegria e unidade, que luta e é pacífico, um feminino que experimentou a dualidade com equilíbrio.

Muitas vezes li frases nestes livros que me fizeram pensar, profundamente, como vivo o feminino em mim. Tive a certeza que o feminino tem muito mais haver com a minha intuição, com o interno, com o sagrado - com o mistério  - que habita em mim, do que qualquer coisa externa.

Ando como uma observadora do feminino em mim, não o feminino externalizado (roupas, cabelo, corpo) e sim do feminino que suave e misteriosamente se manifesta no meu interior, como uma dança circular e ascendente que tanto tem a me ensinar, principalmente sobre o amor próprio, como uma fonte inesgotável e acessível de ternura por mim mesma.

Voltando aos livros.

Meus olhos ficaram rasos de lágrimas nas últimas páginas do livro de Joana e meu coração se encheu de ternura quando voltei meus pensamentos à ela.

Mas, foram as primeiras linhas deste livro que fizeram meu coração bater mais forte e que levaram a tantas reflexões, uma delas a de que Joana - e esta é também uma característica de Maria Madalena -  nunca duvidou de que seu norte, seu condutor e seu conselheiro estavam dentro da própria Joana, por isso conseguia ser tão peculiar no meio de tantos 'iguais', Ah! como isso me serviu! Espero que gostem:

"...O contraste entre ela e o século em que viveu é o contraste entre o dia e a noite. Ela dizia a verdade quando mentir era regra entre os homens; era honesta quando a honestidade era uma virtude perdida; mantinha sua palavra quando as palavras já não tinham mais valor; entregou sua mente a grandes ideias e propósitos enquanto outras grandes mentes deixavam-se desperdiçar com futilidades e ambições mesquinhas; era modesta, refinada e delicada num tempo em que ser vulgar era a regra; era misericordiosa num tempo em que a crueldade não conhecia limites; era firme quando firmeza era virtude desconhecida; suas convicções eram inabaláveis em um tempo em que os homens não acreditavam em coisa alguma e zombavam de tudo; numa era em que a falsidade imperava, ela mostrou-se sempre verdadeira e manteve sua dignidade imaculada quando à sua volta grassavam a bajulação e a subserviência; quando a esperança e a coragem haviam perecido no coração do seu país, ela foi o baluarte de coragem; sua mente e seu coração eram puros quando a sociedade à sua volta era imunda..."

domingo, 15 de junho de 2014

Uma década

Era um vez, um desejo ... um desejo tão forte e intenso que acabou virando realidade da forma mais extraordinária e inesperada possível.
Era uma vez uma menina, que não sabia se ainda era menina ou se já era adulta, no alto dos seus 20 anos, aterrissou em São Paulo pela primeira vez. O lugar era tão grande e tão encantador que a menina ficou embriagada, cheia dele ... não podia imaginar, que aquela sua viagem a trabalho era quase um presságio.
Era uma vez um pedido de casamento, que não foi bem um pedido de casamento, foi algo mais parecido com: vamos ali viver uma coisa nova? Não sabemos o que vai ser, como vai ser ... o estar junto basta.
Preparativos, despedidas, chegamos. Em pleno inverno. Muito frio. Era 2004.
Que cidade é essa que me devora e me alimenta? Um misto de sentimentos como: quero ir embora daqui e daqui não saio nunca mais.
São Paulo se revelava pra mim, a medida que eu me revelava pra ela.
Os primeiros anos foram difíceis, muito desafiadores. A imersão numa nova cultura não é fácil, é um exercício constante de desprendimento para estar aberto a padrões, pessoas, situações, a uma vida diferente da vida 'antiga'.
E ainda hoje é assim, ainda hoje esse exercício se faz presente.
Não é por acaso que pessoas de tantos lugares do Brasil e do mundo estacionam aqui, existe uma generosidade pulsante, um tanto quanto escondida mas que pulsa forte nos lugares e nas pessoas em São Paulo. Acredito que seja a energia do desejo coletivo dos imigrantes em encontrar aqui um novo ponto de partida, fazer daqui o seu referencial.
E não é que São Paulo é um referencial para um monte de coisas!
São Paulo foi e é generosa comigo.
Aqui encontrei amigos que me abraçaram e me acolheram, não por que são amigos da família, ou do colégio ou de infância, nos abraçamos e nos acolhemos porque somos amigos de alma e de ideais.
Em São Paulo evoluí profissionalmente e, como uma mãe que quer sempre o melhor do filho, São Paulo me proporcionou situações que me "forçaram" ao crescimento.
Fico um pouco sem entender quando alguns paulistanos dizem: Em São Paulo não se tem qualidade de vida! Pois afirmo com toda pompa e circunstância aqui tenho mais qualidade de vida, acesso a cultura, ao belo, a natureza e ao bem-estar físico, emocional, e espiritual do que tinha quando morava numa das cidades mais lindas e praieiras do Nordeste.
Não estou dizendo que é fácil ou que São Paulo me dá tudo isso (e um pouco mais) de 'mão beijada', não não... não seria São Paulo se fosse assim. Ela tem de tudo um pouco e cabe a mim sintonizar o meu desejo, as minhas preferências e crenças à São Paulo que mais se encaixe aos predicados que procuro e quero.
Hoje mesmo me perguntaram: mas você não tem vontade de ir embora daqui? Falando em querer e se eu pudesse escolher, só existe um lugar do mundo (e é bem longe daqui) que me faria sair de São Paulo, então a resposta, por enquanto, é não.

Aqui tenho tudo, sinto que pertenço a este lugar, sou agradecida pelo que venho me tornando nesses últimos 10 anos, pelas conquistas que tive e terei aqui.
São Paulo, em alguns dias nós comemoraremos nosso 10º aniversário, aqui está, em forma de poema o meu mais profundo agradecimento.


Quando menos esperei
Você arrebatou meu coração
Mesmo fria e chuvosa
Me tirou da solidão

Sai o frio, vem o Sol
E tu me carrega em seus braços
Enxuga as minhas lágrimas
Me faz reconhecer meus propósitos e caminhar sempre avante!

Quão generosa e bela és
Ó São Paulo querida
Que me abriga e me acalenta
E que me cura as feridas.
(Hellene, Junho 2014)

terça-feira, 3 de junho de 2014

O Grito - Inspirado no post da Rachel M. Stafford (Brasil Post)

Acompanho um Blog muito bacana chamado Ninguém Cresce Sozinho, é um Blog de 2 psicólogas (uma delas, a Verônica, uma pessoa muito querida pra mim) que tratam de questões do cotidiano sobre o papel dos pais e das crianças na família. Eu acho o nome do Blog fantástico pois, acredito que eu só me torno uma melhor mãe, esposa, filha, mulher e profissional quando me auto-educo, quando olho para mim e para minhas atitudes.

Bem, zapeando pela página delas no Facebook acabei me interessando por ler um artigo que elas compartilharam chamado "Uma importante lição sobre gritar com os filhos" escrito pela Rachel M. Stafford para o Brasil Post. Foi um soco no estômago.

Me vi em algumas cenas descritas pela Rachel e também me identifiquei quando ela disse que se "odiava naqueles momentos".

As vezes me sinto tão pressionada,  não pelos outros mas, por mim mesma, pelas imposições que me faço, pelas expectativas que crio sobre os outros e sobre as situações, pelos momentos que quero que sejam 'só meus' mas tem sempre alguém chamando: Mãe!!!!!, pelas coisas que tenho que arrumar, consertar, doar, fazer, não fazer ... além das TPMs, é claro! As vezes me sinto tão cheia que, acabo gritanto mesmo e, é sempre com as pessoas mais queridas principalmente com as meninas e são e sempre serão muito tristes esses momentos.

Lendo o texto da Rachel lembrei de um momento de generosidade e amor genuínos presenteado à mim pela minha filha mais velha.

Estava atravessando um momento muito difícil, a minha caçula acabava de nascer, se me recordo bem, tínhamos chegado da maternidade a apenas uma semana e eu me sentia péssima. Achava que não iria dar conta de educar e cuidar de duas crianças, me sentia mal comigo mesma e muito triste - tomei muito hormônio durante a minha última gestação pois a "apressadinha" queria nascer antes da hora  - era noite e estávamos na casa da minha sogra, derrepente me bateu uma tristeza profunda e chorava sem parar, estava deitada numa cama, quarto escuro, quando chega a Gabi e pergunta:
- Mamãe, o que você tem?
- Não é nada Gabi, a mamãe só está um pouco triste.
Ela sai do quarto e volta segundos depois com o cheirinho dela (uma fraldinha que ela usava para dormir), me cobre com o cheirinho, faz carinho no meu rosto e diz:
- Não fica assim não Mamãe, isso já vai passar.
A Gabi tinha 2 anos e 2 meses.

Ler esse artigo, me lembrar dessa passagem, contraiu e expandiu meu coração. Contraiu porque me fez lembrar que ainda grito com elas as vezes e que não quero, nunca, ver medo no olhar delas à mim e expandiu meu coração por que ele sempre fica assim quando vejo como as crianças são simples, profundas e autênticas quando expressam os seus sentimentos.

Logo quando terminei de ler o artigo, me veio na cabeça o quadro do Edvard Munch, chamado O Grito. Me vi um pouco nele...naqueles momentos quando grito minha boca se abre mas, de uma certa forma, meus ouvidos se fecham por que eu não quero me ouvir e conviver com toda aquela pressão que está dentro de mim. Quero, simplesmente, colocar algo para fora. Talvez se fixar na minha mente a imagem deste quadro me faça refletir e me ouvir, antes de gritar.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fala que eu te escuto

Alguns dias atrás acordei com um humor daqueles, tem um 'lance' que eu preciso resolver mas, ainda não consegui achar a solução do problema e, isso consumiu o meu bom-humor neste dia.

As horas da manhã passaram a passos de tartaruga, chegou a hora do almoço (finalmente!!). Sai para almoçar com uma amiga. Já tinha entrado em um acordo com o meu humor que não emitiria muitas opiniões neste dia por que, certamente, elas seriam ácidas demais.

Até que esse meu posicionamento foi propício, minha amiga precisava falar, eu estava disposta a escutar, com comentários pontuais e espassos (meio metereológico isso! rs), tudo lindo. Ela me fez bem e eu fiz bem a ela.

O humor foi melhorando e resolvi compartilhar com ela o que estava me tirando o humor, até por que estava no contexto do que estávamos conversando. Ela fez um comentário e, rapidamente voltamos ao assunto anterior. Fiquei com aquela sensação de: Caramba, será que ela me ouviu mesmo? Será que ela me escutou? Eu sei, eu sei ... rola aquele negócio egoísta, de achar que os nossos 'problemas' são os maiores do mundo mas, aquilo que eu compartilhei é uma coisa que me causa angústia e, tinha a expectativa que gerasse mais do que apenas um comentário. Talvez um consolo, um 'vai passar', um 'poxa te entendo'.

A experiência dessa conversa reacendeu em mim uma percepção que vira e mexe aparece. Será que eu ouço mesmo aquilo que as pessoas me falam? Será que eu as escuto com todo o meu ser, tentando entender o que aquela fala traz? Será que eu me desarmo de mim para ouvir o outro? Ou será que enquanto eu ouço o outro estou ouvindo também todas as vozes dentro da minha cabeça? Vozes essas que julgam, que já 'sabem' todas as respostas, que acham aquela fala pequena, simples, complexa, exagerada, que pensam em outro assunto enquanto o outro fala, blábláblá?

E, enquanto estava fazendo essa reflexão, uma das minhas vozes, disse: já pensou nisso tudo versus a sua postura quando você está "ouvindo" as suas filhas?! Bingo! Caraca!! Como as vezes presto mais atenção nas minhas vozes, quando estou falando com as minhas filhas, do que no que elas estão me falando! É bem coisa de 'adulto' isso não? #sóquenão
E não é que a situação me levou a uma reflexão e a reflexão me levou a uma pista de como começar a resolver meu problema?

Quanto mais penso sobre isso e sobre os diversos reflexos de atitudes como essas tem nas mais diversas áreas da vida, mais tenho certeza que a união, o engajamento, o se propor a estar plenamente presente é um exercício que devo fazer diariamente.

Na busca de uma boa imagem para ilustrar essa minha reflexão, encontrei uma escultura belissíma da Joana D'Arc chamada "Joana D'Arc ouvindo suas vozes". É uma escultura do François Rude, esculpida no séc. 19. Conta-se na história que Joana D'Arc ouvia vozes do mundo espiritual, por isso existem tantas pinturas e textos que abordam essa habilidade de Joana.

O que me chamou a atenção na escultura é que a Joana esta sem a sua armadura, numa posição relaxada, apenas ouvindo. Ela não é a guerreira, nem a líder, ela esta despida dos seus outros papéis, alí ela é somente ela, esta presente. A armadura foi muito simbólica pra mim. Foi quase um grito: Sem armaduras, sem julgamentos, sem achar que sabe tudo Hellene!!!! Só ouça!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Grande Onda

Muitas pessoas, seres iluminados, santos, comuns e incomuns comparam a nossa vida ao mar .... as marés vem e vão, enchem, secam, tem águas plácidas, calmas e águas bravas e mortais, não é assim também a vida e as suas fases?

Ontem recebi uma mensagem: "quem fez o seu blog?" Por uma fração de segundos pensei ... Blog? Que blog? E só então me dei conta que o meu blog tinha se tornado como uma onda bonita de verão que a gente vê na praia, ela fica na sua memória por muitos verões mas, de repente, você a esquece, até que alguém, gentilmente, te lembra dela outra vez.

São quase 4 anos - O QUE??? - sem postar nadica de nada! Mas, quanta vida aconteceu nesses 4 anos ... tive mais uma filha, que daqui a alguns dias fará 2 anos, mudei de casa, mudei de carreira, começei muitas coisas, parei muitas coisas, mudei, mudei, mudei, mudei ...

Foram 4 anos de mudanças intensas, boas, não tão boas, fáceis, difíceis, belas, feias,andei pra frente, andei pra trás, fiquei parada, tive muitas certezas, das muitas certezas que tive poucas estavam certas, tive muitas dúvidas, tive dúvidas das dúvidas, vivi "como uma onda no mar".

Quando tive a intenção de escrever este post pensei num título, que depois não gostei e, logo depois, me veio a imagem do famoso quadro do mestre japonês Hokusai, A Grande Onda de Kanagawa.
Hoje, quando penso nos últimos 3 (tá bom, quase 4) anos, se pudesse transformá-lo em uma imagem, seria "A Grande Onda de Kanagawa" forte, desconhecida, dramaticamente bela e amedrontadora mas (ah como eu adoro essa conjunção!!), incrivelmente transponível e reverenciável.

Depois de uma grande onda que me levou a vivências afastada daqui, uma outra nova grande onda me trouxe de volta.