quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fala que eu te escuto

Alguns dias atrás acordei com um humor daqueles, tem um 'lance' que eu preciso resolver mas, ainda não consegui achar a solução do problema e, isso consumiu o meu bom-humor neste dia.

As horas da manhã passaram a passos de tartaruga, chegou a hora do almoço (finalmente!!). Sai para almoçar com uma amiga. Já tinha entrado em um acordo com o meu humor que não emitiria muitas opiniões neste dia por que, certamente, elas seriam ácidas demais.

Até que esse meu posicionamento foi propício, minha amiga precisava falar, eu estava disposta a escutar, com comentários pontuais e espassos (meio metereológico isso! rs), tudo lindo. Ela me fez bem e eu fiz bem a ela.

O humor foi melhorando e resolvi compartilhar com ela o que estava me tirando o humor, até por que estava no contexto do que estávamos conversando. Ela fez um comentário e, rapidamente voltamos ao assunto anterior. Fiquei com aquela sensação de: Caramba, será que ela me ouviu mesmo? Será que ela me escutou? Eu sei, eu sei ... rola aquele negócio egoísta, de achar que os nossos 'problemas' são os maiores do mundo mas, aquilo que eu compartilhei é uma coisa que me causa angústia e, tinha a expectativa que gerasse mais do que apenas um comentário. Talvez um consolo, um 'vai passar', um 'poxa te entendo'.

A experiência dessa conversa reacendeu em mim uma percepção que vira e mexe aparece. Será que eu ouço mesmo aquilo que as pessoas me falam? Será que eu as escuto com todo o meu ser, tentando entender o que aquela fala traz? Será que eu me desarmo de mim para ouvir o outro? Ou será que enquanto eu ouço o outro estou ouvindo também todas as vozes dentro da minha cabeça? Vozes essas que julgam, que já 'sabem' todas as respostas, que acham aquela fala pequena, simples, complexa, exagerada, que pensam em outro assunto enquanto o outro fala, blábláblá?

E, enquanto estava fazendo essa reflexão, uma das minhas vozes, disse: já pensou nisso tudo versus a sua postura quando você está "ouvindo" as suas filhas?! Bingo! Caraca!! Como as vezes presto mais atenção nas minhas vozes, quando estou falando com as minhas filhas, do que no que elas estão me falando! É bem coisa de 'adulto' isso não? #sóquenão
E não é que a situação me levou a uma reflexão e a reflexão me levou a uma pista de como começar a resolver meu problema?

Quanto mais penso sobre isso e sobre os diversos reflexos de atitudes como essas tem nas mais diversas áreas da vida, mais tenho certeza que a união, o engajamento, o se propor a estar plenamente presente é um exercício que devo fazer diariamente.

Na busca de uma boa imagem para ilustrar essa minha reflexão, encontrei uma escultura belissíma da Joana D'Arc chamada "Joana D'Arc ouvindo suas vozes". É uma escultura do François Rude, esculpida no séc. 19. Conta-se na história que Joana D'Arc ouvia vozes do mundo espiritual, por isso existem tantas pinturas e textos que abordam essa habilidade de Joana.

O que me chamou a atenção na escultura é que a Joana esta sem a sua armadura, numa posição relaxada, apenas ouvindo. Ela não é a guerreira, nem a líder, ela esta despida dos seus outros papéis, alí ela é somente ela, esta presente. A armadura foi muito simbólica pra mim. Foi quase um grito: Sem armaduras, sem julgamentos, sem achar que sabe tudo Hellene!!!! Só ouça!

6 comentários:

Unknown disse...

Parabéns Hellene!
Vc tem um fluência fácil e gostosa de ler, o tema escolhido foi perfeito! Atualmente as pessoas precisam pagar terapeutas para serem ouvidas, ninguém tem mais aquele amigo(a) que se disponha apenas a ouvir sem emitir julgamentos.
Fico aguardando os próximos !,
Bjs,
Myriam

My Mind Workshop disse...

Às vezes,no ouvir,encontramos muito mais ciência do que no falar. Uma resposta do criador e sua criação em relação a isso: Temos dois ouvidos,dois olhos, E UMA boca.Eu penso que,ao observar a nossa natureza,a natureza das pessoas e a natureza do planeta,encontramos as respostas de nossas perguntas. Eu penso,minha irmã,que precisamos aprender a gostar das pessoas e das coisas sem criar expectativas. A expectativa traz a vaidade,que traz o incerto,que pode trazer,tanto a felicidade,quanto a decepção. É caminhar. Caminhar.Firmeza nos pensamentos,e,ao invés de ouvir "as vozes" buscar ouvir uma voz só,a voz da consciência,da verdadeira consciência,que é a voz de Deus. Te amo.

Hellene Louise disse...

Myriam, Obrigada pelo Carinho! Espero vê-la mais vezes por aqui nos próximos posts.

My Mind Workshop, obrigada pela visita.

Solange disse...

54Meu Amor, tenho certeza que a amiga que não te ouviu fui eu..kkkk Me desculpe se te atropelei com tantas considerações e dúvidas.
Você é minha querida e abrir meu coração p/vc é sempre muito bom.
Sabe, já me peguei em situações idênticas e sabe qual a minha conclusão disso ? Nós quase nunca falamos para o outro ouvir , nós falamos porque precisamos por p/ fora nossa dor, nossa indignação, assim como vomitar aquilo que não conseguimos digerir.
Coloquei uma imagem da Joana p/ vc no face , acho que não viu . Vou postar no seu, bj e fala que eu te escuto ! te amo !

RICHARD MINK disse...

Caracas, está parecendo Eu! Tmb ouço e resolvo os problemas dos outro, dai quando é comigo o problema, ninguem dá atenção. Parece que os meus problemas são todos bobagens! Conversando com meus pais eles disseram, ninguem liga porque sabe que voce vai resolver bem mais facil pelo fato de ser os seus problemas e não o dos outros. Advinha a minha cara nessa hora! Bjss..

Dani Fascina disse...

Uma inspiração esse texto Hellene!
Adorei! bjs Dani.